quarta-feira, 17 de junho de 2020

Um resumo sobre minha aceitação do meu próprio cabelo

Na maior parte da minha vida tive vergonha de usar meu cabelo assim: natural. Em casa minha mãe sempre incentivou a olhar para frente de cabeça erguida, mas infelizmente dei mais ouvidos ao mundo lá fora e optei por me sentir errada por ser diferente. O diferente era feio, era motivo de piada. Não sou negra, mas vivi o preconceito por ter um cabelo com muito volume, com frizz, por ser cacheado. 
Eu só ia para o colégio de trança, não soltava por nada. Minhas colegas eram em sua maioria de cabelo liso, e assim, eram chamadas de lindas. É difícil se sentir bonita e se amar quando tudo ao seu redor te diz o contrário.

Os anos passaram e fiz minha primeira progressiva. Mas não alisou meus fios como eu queria, então fiz minha segunda progressiva. Depois de duas tentativas entendi que meu cabelo não iria alisar com apenas progressiva, porque meus fios eram mais resistentes que eu. Foi tenso. Então com as experiências pessoais e muita leitura em blogs de amor próprio, decidi abandonar definitivamente a progressiva. Não foi fácil, porque eu ainda não tinha aceitado meu cabelo, e na medida que ele foi crescendo, metade ficava cacheado e metade liso, então para sair em alguma festa, por exemplo, eu fazia escova e chapa no salão. 

Até que um dia, cortei meu cabelo no ombro, e dei adeus a progressiva que restava no meu cabelo. Desde então eu aprendi a aceitar meu cabelo natural. 

Naquela época acho que não tinha tantas blogueiras cacheadas como hoje, e não haviam tantas marcas investindo em produtos para cabelos cacheados e crespos, até porque naquela época "cabelo cacheado não estava na moda", como hoje. É uma pena que para mim, muitas marcas só resolveram fazer produtos para cabelos cacheados e crespos porque nosso tipo de cabelo ganhou voz: atrizes e muitas famosas começaram a assumir seu cabelo natural, então as mulheres tiveram um pouco de representatividade, e puderam começar a enxergar sua própria beleza, assim muitas mulheres começaram a falar sobre isso e a ajudar outras mulheres. 

Mas a luta continua: apesar de ter me tornado uma mulher empoderada com o próprio cabelo, há pouco tempo ainda me sentia mal com o frizz e com a falta de definição nos meus cachos, mas hoje já aceitei isso também e será um assunto para o próximo texto. E para finalizar, porque esse texto já está muito grande, eu estou feliz que depois de muitos anos muita coisa mudou para melhor: eu me permiti ser livre, aprendi a gostar do meu cabelo assim, vejo muitas mulheres assumindo o cabelo delas também, a chapinha virou uma opção e não obrigação, as crianças já estão crescendo diferentes da minha época e eu espero ser exemplo para muitas pessoas que assim como eu, querem apenas ser quem são.

4 comentários

  1. Oi, Tamirys (Tata)! Que lindo seu texto! Me enxerguei nele! Também passei pelas mesmas coisas que vc por causa de meu cabelo! Só que por muito mais tempo! Rsrsrs
    Até que consegui me libertar e aceitar meu cabelo como ele é! A olhar no espelho com o meu cabelo natural e me achar linda! Quanta liberdade poder sair na chuva sem me preocupar! Poder curtir um clube, uma praia, sem preocupações com cabelo! Sem precisar perder um tempo precioso escovando e chapando cabelo antes de cada evento, cada festa! Oh liberdade meu Deus! E comigo minha filha também se libertou e conseguiu assumir seu lindo cabelo cacheado!

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  2. RosângelaEstefson Emídio Fico muito feliz, de verdade, por ler seu comentário e saber que você passou por isso também, e que aprendeu a se amar e aceitar seu cabelo como ele é. E sua filha está linda, vi o cabelo dela �� e você está muito linda também, seu cabelo é maravilhoso e muito macio kkkkk que bom que somos as cacheadas da família ��

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  3. Sei bem como é isso, passei vários anos alisando o meu até aprender a ser mais carinhosa com ele, e hoje é uma das coisas que mais amo em mim.
    Seu cabelo é lindo, Tatá. <3

    almaantiga.blogspot.com

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    1. Oi Cindy, fico feliz que você também conseguiu se libertar desse padrão de beleza. E vi suas fotos, seu cabelo é maravilhoso ♥♥♥

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© Tatá Escreve
Maira Gall